Renaud Herbin (França)

Milieu

Renaud Herbin faz uma nova abordagem à marioneta de fios, técnica emblemática do teatro de marionetas. Poesia do detalhe, Milieu magnetiza o nosso olhar!

SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL - Sala Mário Viegas
22 e 23 de Maio às 19h e 21h (Segunda e Terça)
Estreia Nacional

Concepção e interpretação: Renaud Herbin Espaço cénico: Mathias Baudry Marionetas: Paulo Duarte Som: Morgan Daguenet Colaborações artísticas: Aïtor Sanz Juanes, Julika Mayer & Christophe Le Blay Luz: Fanny Brushi, com o olhar de Fabien Bossard Construção: Christian Rachner Direcção técnica: Thomas Fehr Fotografias: Benoît Schupp Produção: TJP - Centre Dramatique National d’Alsace Strasbourg Co-produção: Festival Mondial des Théâtres de Marionnettes de Charleville-Mézières Técnica: Marionetas de fios Idioma: Sem palavras Público-Alvo: +8 Duração: 30 min.
Apoio à apresentação: Institut Français du Portugal, em parceria com o Institut Français em Paris, no âmbito do foco sobre a criação contemporânea francesa em 2017 
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Milieu coloca em cena uma marioneta de fios, técnica emblemática da manipulação. Os fios constituem as condições necessárias para a animação, para dar a ilusão de vida e autonomia da marioneta. Mas também são o que a retém e a impedem de sair do espaço.

Um homem entra num espaço fechado, um enorme cilindro, do qual parece ser difícil escapar, as tentativas são numerosas, mas fortes ligações seguram-no a toda a parte. 

Renaud Herbin está a mais de 3 metros de altura, por cima desta marioneta, que manipula à distância, através de longos fios. O corpo está suspenso no centro deste cilindro. Criador e observador deste novo mundo animado, fascinado e perturbado por esta personagem inspirada em O Despovoador de Samuel Beckett, o marionetista molda a matéria, a forma, dá-lhe vida, sob o olhar do público, que se movimenta em torno deste dispositivo, criado para amplificar o olhar.
















Renaud propõe uma variação sobre o conceito de castelet, joga com as escalas e a gravidade da marioneta. "Eu queria reapropriar-me das técnicas das marionetas de fios, reactualizá-las ao serviço de uma escrita contemporânea." Ao nível dos nossos olhos, a marioneta move-se num equilíbrio precário, como que ligada a um horizonte imaginário. 

O chão está cheio de cascalho molhado. Tudo está ligado, o ar e a luz, bem como a vibração debaixo deste solo mineral. O aparecimento gradual da água, cobrindo toda a superfície, abre uma nova promessa: a de um novo espaço para explorar.

A marioneta revela o humano no que a constitui, explora a sua capacidade de nos dizer "eu estou aqui" e de ser surpreendido. Vai-se transformando, exposta às variações climáticas do seu ambiente. Milieu retrata uma situação simultaneamente cómica e metafísica, à imagem de uma récita de Samuel Beckett, e oferece a experiência da animação, como que um traço de união entre dois mundos.

"Com Milieu, o marionetista oferece uma narrativa em abismo, cheia de subtileza. Colocado num equilíbrio incerto, no alto de uma estrutura cilíndrica, o manipulador dá vida à marioneta que domina radicalmente, enquanto o público rodeia o palco e o observa. Micro história de existência, Milieu (...) desenrola-se num dispositivo perfeitamente adequado para amplificar o olhar. Neste novo tipo de castelet, o chão da marioneta está à altura dos olhos humanos, cada nuance é conduzida a partir de acima (...). Poesia do detalhe, Milieu, magnetiza o nosso olhar, ainda mais perturbado, para atravessar as órbitas - vazias - deste pequeno ser."
- Agnès Dopff, Mouvement.net

"Renaud Herbin (...) quer estabelecer uma ligação entre o tradicional e o contemporâneo. Em Milieu, a marioneta de fios constitui o centro de um dispositivo original. Renaud Herbin concebeu uma estrutura de 3,70 metros de altura que rodeia o palco, no qual se move a sua marioneta. Ele está no topo, manipulando os fios, com 2,20 metros de cumprimento. O espectador pode mover-se em torno deste castelet vertical para ver, a partir de diferentes ângulos, a personagem e o seu manipulador. (...) Continuo avançar, a pesquisar a marioneta tradicional, mas coloco-a numa relação com a abstracção da matéria-prima, explica.
A marioneta (...) desenhada por Paulo Duarte, tem um corpo formado por muitas articulações para que o seu movimento seja decomposto tão finamente quanto possível. Dezoito fios fazem-na mover (...)."
- Frédérique Roussel, Libération

"A pequena forma Milieu de Renaud Herbin (30 min), criada especialmente para o 40.º Giboulées é uma verdadeira jóia!!
(...) Um pequeno homem esquelético em movimento, marioneta com múltiplos fios, parece bloqueada, sufocada, procurando constantemente respirar. Movendo-se num piso de cascalho negro, tenta sair, levantar-se, falar com as profundezas da terra para escapar, para finalmente voar para longe, suspensa no ar e cair... Os beats electroacústicos atravessam-lhe o corpo e electrificam-no (...), no solo que parece respirar... Renaud Herbin manipula este pequeno ser, também suspenso a 3,70 metros de altura, no castelet, sentado ou em equilíbrio, no limite da queda...
E o público também está suspenso... por tanta beleza e delicadeza, com tanta ingenuidade e pesquisa inteligente na arte da marioneta!
(...) Milieu é uma verdadeira pérola a não perder durante o festival!!”
- Les Lorgnons d'Obéron, Blog de critique de spectacles.


BIO
Renaud Harbin é director do TJP - Centre Dramatique National d’Alsace Strasbourg, desde Janeiro de 2012. 
Fez a sua formação na École Supérieure Nationale des Arts de la Marionnette de Charleville-Mézières (ESNAM). Foi um dos fundadores e co-directores da companhia LàOù - marionnette contemporaine. Encenou e interpretou diversos espectáculos visuais e sonoros, geralmente a partir de obras dramáticas ou literárias.
Estreou recentemente Wax e La vie des formes foi criado no Verão passado em Avignon. Mas também Actéon Miniature (2013), que pudemos ver no FIMFA Lx14, Pygmalion miniature (2011), Lopin (2008), Mitoyen (2006), Vrai! Je suis très nerveux (2003), Détails, Les grands poissons mangent les petits (2002), Petits Chaos (2000) e Un Rêve (1999). Entre 2003 e 2008 desenvolveu o projecto Centres Horizons com o cineasta Nicolas Lelièvre: espectáculos e filmes de animação em torno de questões sobre o urbanismo nas cidades de Rennes, Buenos Aires e Berlim (Villa Médicis Hors-les-murs 2004). Através das suas próprias produções e inúmeras colaborações artísticas (co-encenações com Frédéric Fisbach, Robert Cantarella, Julie Bérès, Charlotte Nessi), mistura teatro, ópera, escrita contemporânea e dança, desenvolvendo uma linguagem visual singular, que coloca no centro da sua abordagem a ideia da manipulação, entendida como algo que liga os campos artísticos. Neste sentido, as suas criações contam com a presença de marionetas, actores, bailarinos, sons e imagens em interacção no palco.